#3 se o amor aparece quando a gente menos espera, então ele nunca vai aparecer pra mim

Já cansei de ouvir que preciso parar de pensar sobre o amor pra que ele sinta que tá permitido vir pra mim

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Dizem por aí que o amor acontece quando a gente menos espera. Mas e se a gente estiver sempre esperando? Se a gente for do tipo que observa cada olhar, interpreta cada gesto e sempre se pergunta “será que é agora?”.

Talvez essa frase tenha surgido pra acalmar corações ansiosos, como uma forma de dizer: relaxa, que uma hora acontece. Mas, honestamente, essa lógica me soa um tanto cruel. Porque se a chave é não esperar, então aqueles que sonham e anseiam pelo amor estão fadados a nunca encontrar ele?

Pode ser que a frase não fale sobre um estado de expectativa, mas sim sobre controle. Sobre a ilusão de que a gente pode planejar quando e como o amor vai surgir. E aí, quando desistimos de arquitetar tudo, ele chega. Não porque paramos de desejar, mas porque deixamos de tentar encaixar o imprevisível num roteiro fixo.

Não tem como negar que o amor é imprevisível, mas e o que não é? Não temos como saber se vamos ser bem sucedidas, se vamos viver até os 90, se aquele projeto vai dar certo, se… Tudo é imprevisto.

Mas talvez seja esse o motivo da minha revolta. Da minha carreira eu posso cuidar, também posso fazer o máximo pra viver mais — não estamos falando sobre coisas fatais aqui —, e um projeto novo pode ser um risco. Mas eu não tenho como obrigar alguém a me amar.

Eu amo o amor, eu amo tudo que ele representa, eu amo tudo o que me faz acreditar que ele realmente existe.

E é por amar tanto, que fico sempre em uma grande expectativa de que ele vai aparecer pra mim a qualquer momento. Por que ele não apareceria pra uma pessoa que acredita tanto nele?

Acho que o erro foi acreditar em Papai Noel. Porque é assim que me sinto às vezes: uma criança ansiosa na véspera de Natal, esperando algo mágico acontecer, sem perceber que talvez eu esteja olhando pra chaminé errada.

Sei lá, talvez o amor não goste de ser caçado.

Todos os homens com o mínimo de interação comigo, viram potencias candidatos, afinal, por que não?

Minha psicóloga diz que toda essa necessidade de encontrar alguém, é completamente obra da minha solidão. Eu não penso em ter um namorado só pra que as pessoas saibam disso, pra postar em rede social, pra transar ou qualquer outra coisa. Eu quero um parceiro. Quero alguém que divida a vida comigo, que ria das minhas piadas e que segure minha mão quando o mundo parecer um pouco pesado demais.

Quero alguém que entenda que o amor não é feito só de momentos perfeitos, mas também das pequenas falhas que tornam tudo mais real. Alguém que esteja ali nos dias bons e nos dias ruins, que saiba que o silêncio às vezes vale mais do que mil palavras e que companhia não precisa ser preenchida com nada além de presença.

Quero a conexão que acontece só com um olhar, quero que os domingos à noite se tornem um pouco menos solitários e que as segundas de manhã continuem completas, mesmo sem ele ao meu lado.

E talvez seja exatamente por querer tanto que nunca chega. Como se o amor fugisse de quem espera ele com intensidade demais. Mas se for assim, paciência. Prefiro continuar acreditando, ainda que pareça ingenuidade. Esperar por algo tão bonito não pode ser um erro.

Sempre dizem “vai viver sua vida, fazer suas coisas, que uma hora o amor da sua vida aparece”, tá… mas que hora? Por que não pode ser agora?

(Quase) todas as pessoas ao meu redor estão em um relacionamento sério, e acho que isso aumenta a pressão ainda mais. Como essas pessoas conseguiram? O que elas fizeram pra demonstrar que eram boas o suficiente pra serem amadas? E, melhor ainda: onde raios elas conseguiram achar alguém?

Sou escritora — e melhor ou pior ainda — de romances. Meus livros JAMAIS vão ter um final triste; meus personagens JAMAIS vão terminar separados. Eu não quero escrever coisas tristes sobre uma coisa tão bonita. O amor já enfrenta dificuldades demais na vida real, já carrega desilusões, despedidas e corações partidos. Nos meus livros, ele vence. Se posso escolher a história que conto, escolho uma onde o amor sempre encontra um jeito.

Talvez eu escreva finais felizes porque ainda espero pelo meu. Talvez porque, no fundo, preciso acreditar que ele existe. Ou talvez porque, de todas as histórias que podemos contar, as de amor são as que mais merecem um desfecho que aqueça o coração.

Eu não posso obrigar alguém a me amar, mas também não sei o que fazer pra que alguém saiba o quanto é bom me amar.

Seja como for, talvez a questão não seja esperar menos, mas sim esperar de outro jeito.

Mas como?

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