Daquela época que eu me apaixonei pelo meu vizinho — e ele por mim
Entre um apartamento pequeno, noites insalubres e músicas atravessando paredes, conheci alguém que balançou minha vida de um jeito que eu não esperava
Esse é mais um dos textos que não vai pra seção nenhuma. Ele só vai ficar aqui orbitando por aí até que você encontre ele.
Já avisando, isso aqui não é pra ser depressivo, tá? Não tem nada de devastador, só uma história que acho que vale a pena ser contada, afinal, sempre é bom falar sobre o amor, né?
Tudo começou quando me mudei pra um apartamento pequenininho em um bairro afastado. Meus pais tinham acabado de ir pra outro estado e era eu e meu gato Mushu (sim, o dragão de Mulan) contra o mundo — que inclusive tinha sido adotado recentemente pra me fazer companhia naquele apartamento tão solitário.
Eu também tinha acabado de conseguir um estágio ótimo, mas tava em uma época meio crítica na faculdade, especificamente, na matéria de Análise de Investimentos. Eu escolhi fazer publicidade porque me prometeram que eu não teria que fazer conta. Eu fui enganada!!!!!
O apartamento era antigo, com azulejos que pareciam ter sido escolhidos por alguém com um gosto questionável nos anos 70. O chão rangia em alguns pontos, a pia fazia barulhos estranhos de madrugada, e as paredes… Bom, as paredes eram um caso sério.
O lugar tinha um isolamento acústico horroroso, ou seja, se algum vizinho falasse um pouco mais alto que o normal, eu conseguiria ouvir perfeitamente cada frase.
E foi dessa forma que ouvi um chuveiro ligar e Bye Bye Bye, do NSYNC, começar a ser cantada a plenos pulmões. Eu ouvia a música tocando junto, mas o que prevalecia era a voz masculina, extremamente afinada.
Quando entrei no meu banheiro, as paredes eram tão finas que faziam parecer que o cara tava cantando dentro da minha casa e não na dele, juro!!!!!!
Nas semanas que eu tava lá, não lembrava de ter ouvido nenhuma cantoria, então provavelmente era um novo morador. Antes eu já tinha escutado latidos que pareciam vir de um cachorro grande, mas um cantor era a primeira vez.
Em poucos minutos, a playlist do abençoado já tinha transitado entre Beatles, Madonna, One Direction, Red Hot Chili Peppers e Post Malone, e ele cantou absolutamente todas as músicas do começo ao fim. Não era uma reclamação — não naquele momento, pelo menos. Eu amava ouvir música e pelo menos ele tinha um bom gosto musical.
Pensei ok, acho que posso me acostumar com isso, desde que ele não cante enquanto leio ou faço as coisas da faculdade, tudo bem.
Algumas horas depois, como sempre, paguei com minha maldita língua. Aparentemente o cara descobriu que a acústica do apartamento era boa, porque ele não cantou só no chuveiro, mas também quando tava fora dele.
Respirei muito fundo e pensei talvez ele só esteja muito animado hoje porque foi promovido no trabalho, porque se mudou e começou uma vida nova, ou porque tá apaixonado. Não vou ser rabugenta. As pessoas merecem aproveitar os pequenos momentos de felicidade.
Sou tão defensora de romantizar a vida, por que é que eu ia me irritar com uma pessoa cantando no chuveiro? Para, né? Canta mesmo, divo!
O resto da história… Bom, não aconteceu tudo de uma vez.
Minha melhor amiga ouviu a cantoria também, ameaçou ir contar pra síndica — que nunca ajudava em nada — mas desistiu quando o cara começou a cantar Eenie Meenie (ela é meio que muito fã do Justin Bieber).
O problema era que TODO dia tinha um show exatamente às 23h. Pelo amor de Deus, sabe???? Cala a boca e vai dormir.
E foi de ficar tão irritada que eu fiz uma coisa que nunca pensei que faria na minha vida. Escrevi um bilhetinho e joguei por baixo da porta dele.
Eu tinha gostado da primeira cantoria e até participei um pouco do lado de cá, mas já tá enchendo o saco. Tenho que me concentrar e você tá tirando minha atenção com seus shows particulares.
Ass.: vizinha
Quase enfiei minha cabeça na terra depois que fiz isso? SIM!
Quais eram as chances dele bater na minha porta pra tirar satisfação? E se ele tivesse uma arma em casa e eu e meu gato virássemos camisa da saudade? E se…
Eram muitas hipóteses e todas elas faziam eu me arrepender até o último fio de cabelo por ter feito isso.
A partir dali, a gente começou a trocar bilhetinhos odiosos sem nunca nem ter visto a cara um do outro. Eu comecei a assinar meus bilhetes com nomes de cantoras, e ele começou a fazer o mesmo, só que com cantores.
Aqui entra um novo personagem nessa história, que é um cantor independente que minha chefe me colocou pra fazer o planejamento das redes sociais (eu trabalhava numa agência/assessoria na época). E assim, não queria falar nada, mas ele era um dos caras mais bonitos que eu já tinha visto, mas eu precisava manter meu profissionalismo, né?... Né?
Em um certo dia, eu tava MUITO estressada porque tinha levado trabalho pra casa como tarefa de casa — que eu mesma passei pra mim —, porque eu queria entender mais quem era aquele cara. Obviamente, low profile, não postava quase nada e queria ser cantor sem ter nem um cover no Instagram? Um videozinho no Youtube? E durante as reuniões ainda me tirava pra besta como se eu não soubesse fazer meu trabalho.
Quando We Are Never Ever Getting Back Together, da Taylor Swift saiu da boca de gralha do vizinho, eu soltei um sonoro “PUTA QUE PARIUUUUUU” de tanto ódio.
A cantoria parou na mesma hora e, se eu tivesse um casulo, teria entrado nele. Parecia que a gente tinha ficado em estátua, esperando pelo próximo movimento do outro lado da parede. Encolhi os ombros e senti vontade de me virar do avesso pelo constrangimento dele ter me ouvido. Mas, instantes depois, o cara voltou a cantar como se nada tivesse acontecido.
Lembro de ter bufado alto, saído do quarto e fechado todas as portas possíveis pro barulho abafar e meu cérebro agradeceu pelo som que ficou um pouco menos alto do que no quarto.
Aproveitei pra encher minha garrafinha de água e, distraída mexendo no celular enquanto caía uma gota por hora dentro dela, não percebi quando ela encheu e, muito menos, que a cantoria tinha parado — o TikTok tem esse poder de anular tudo que tá ao nosso redor, né? 😅
Por isso, me assustei quando vi um papel branco deslizar por baixo da porta, vindo parar diretamente no meu pé.
Tudo bem por aí ou tá enlouquecendo? E vê se grita um pouquinho mais baixo ou vou precisar avisar a polícia que minha vizinha tá atrapalhando meus shows. Você realmente disse que nunca vai gostar das músicas que eu canto? Nunca diga nunca.
Ass.: Justin Bieber
É claro que o cara continuou me enchendo a paciência pelo máximo de tempo que ele conseguiu, e entre bilhetinhos e alfinetadas, minha vida continuava acontecendo fora daquelas paredes.
Minha relação com o outro cara que era cliente da agência tava melhorando — sim, a gente passou por alguns estresses porque odeio homem cabeça dura — e naquele momento até poderíamos nos considerar amigos, talvez…? Quem sabe uma coisa a mais, sei lá… Só pensando… Ele era bonito e solteiro, que mal tinha fanficar um pouco?
As coisas só ficaram um pouquinho estranhas em um dia que ele foi me acompanhar até em casa, porque disse que morava perto de mim.
E então, no meio desse emaranhado de coincidências, veio a maior de todas: descobri que ele era o meu vizinho cantor.
Nesse caso, não é a vida que imita a arte, mas sim, o contrário, porque apesar de todas as semelhanças com a minha vida, essa história não é minha, mas da Emily e do Damien, personagens do meu livro “Falando com as Paredes”, disponível na Amazon pra compra como e-book e no Kindle Unlimited.


E assim, pra você não ficar muito triste que eu te enganei só pra divulgar meu livro, saiba que a inspiração da história surgiu porque, de fato, eu tive um vizinho que cantava no chuveiro e dava pra escutar perfeitamente do meu apartamento.
Infelizmente a gente não viveu um romance incrível como de Damily (eles têm shippname, olha que fofo!!!!), mas pelo menos me fez escrever um livro que tenho muito orgulho.
Dá uma lida na sinopse. 👇🏻
O isolamento acústico é a capacidade que um material tem em bloquear sons ou ruídos entre diferentes ambientes, ou seja, isola o barulho externo, deixando os locais mais confortáveis e silenciosos.
Porém, tudo o que não existe na parede do vizinho de Emily, é essa bendita porcaria.
Ela se mudou para um pequeno apartamento em uma boa região do Brooklyn, pois a síndica — ou algo parecido com isso — tinha prometido a ela que a vizinhança era tranquila.
Tudo vira de cabeça para baixo quando um cara sem noção se muda para o apartamento ao lado e faz do local um verdadeiro show no chuveiro. Ele canta e alterna entre Elvis Presley, Guns N’ Roses, Shakira, Dua Lipa e Beatles com uma facilidade impressionante. É completamente irritante também.
Emily sabe que falar com a síndica não adianta, e ela também não é cara de pau o suficiente para bater na porta do vizinho, então, a solução é desenhar para que ele entenda que tudo o que ela deseja, é paz. E é aí que uma série de insultos, xingamentos e alfinetadas começam a ser trocadas por bilhetes jogados debaixo da porta.
Para piorar ainda mais, sua vida toma um rumo complicado quando Damien, o novo cliente da Agência Killers, aparece em sua vida, mostrando a ela que tomar conta da carreira de um artista independente é muito mais difícil do que imagina, principalmente, se ele tem 1,84 m, é músico, e tem um sarcasmo que a tira do sério.
Essa história é muito especial pra mim, de verdade. Uma vez, minha psicóloga me disse pra eu fazer um exercício de me enxergar como meus personagens, porque talvez dessa forma eu entenderia que, assim como eles, também mereço ser feliz. Então, a Emily tem muito de mim, e é por isso que ela é tão especial.
Sigo em busca do meu Damien, mas, enquanto não encontro, me basto em escrever os melhores romances que eu puder.
BÔNUS: pra deixar a história ainda mais real, Jagger Moon, integrante da boyband Full Circle Boys, escreveu uma música exclusiva pro livro, que deixa a cena de reconciliação do casal ainda mais especial. ❤️
O livro tem diagramação bonitinha, tem avatares (modelos que inspiram as características físicas dos personagens), tem ilustração feita com artistas nacionais, tem playlist, tem muita risada, tem tudo que uma boa comédia romântica deve ter.
E pra saber como essa história termina, você vai ter que ler o livro. 😁
E aí, o que achou? Enganei o bobo na casca do ovo ou você sacou de primeira que era balela? Me conta aqui nos comentários e me conta também se você se interessou a ler FCAP, vou amar saber. 🥹
não acredito que fui enganada tão facilmente mds já tava torcendo pra vcs dois estarem casados 💔💔
Meu deus eu ameeeeeiiiii e já tava querendo que vc tivesse namorado com ele por um tempo, no mínimo
Ser publicitária é babado né amore