Escrever todos os dias não significa só fazer textão
A ideia de que precisamos escrever páginas e páginas todos os dias pode ser assustadora, mas a verdade é que a prática da escrita não precisa ser exaustiva.
Antes de escrever, uma musiquinha pra você. 🎶
A internet romantizou a escrita diária de um jeito meio caótico. Hoje, se você postar um desabafo de três parágrafos sobre como o seu gato te ignora quando você chega em casa, alguém vai aparecer nos comentários dizendo: “Uau, você escreve tão bem, devia escrever um livro!”. E por acaso você sabe se eu quero escrever um livro? Só falei do meu gato, me deixa em paz.
Quando você diz que é escritor, a pressão vem de todos os lados: as pessoas fazem cara de dó ou acham incrível quando você nem acha que é pra tanto; outros podem perguntar “ah, sim, e trabalha com o quê?”, como se a escrita não pudesse ser um trabalho rentável também; e em outros momentos, você só quer escrever sobre seus sentimentos, sem necessariamente fazer disso um grande mousse.
A verdade é que escrever todos os dias não significa soltar textões na internet ou passar horas tretando no Twitter (não consigo chamar de X, desculpa).
Até porque se tretar no Twitter valesse como prática de escrita, teríamos um exército de Shakespeares digitando em caixa alta e respondendo “fontes: vozes da minha cabeça”.
A prática da escrita é um hábito, uma rotina, um exercício. E como qualquer outro exercício, não precisa ser uma coisa exaustiva, chata ou qualquer outra coisa. Você não precisa correr 42km todo dia pra dizer que se exercita, e o mesmo vale pra escrita: um parágrafo, um diálogo solto, uma cena aleatória, tudo isso conta. O que não vale é só ficar no “hoje eu queria tanto escrever, mas...” seguido de um monólogo dramático que termina com “vou ver um episódio de série e depois começo” — spoiler: você não começa.
A grande questão é que a gente já escreve o tempo todo. Mandamos mensagens, respondemos e-mails, deixamos comentários aleatórios como “AI MEU DEUSSSSSSSSSSS” em vídeos de cachorros fofos. Mas isso não significa que estamos praticando a escrita de verdade. A diferença entre escrever no automático e escrever de verdade tá na intenção.
O problema é que, muitas vezes, achamos que qualquer digitação já conta como escrita, e aí entramos no perigoso território das redes sociais, onde escrever se confunde com interagir. Mas será que comentar “kkkkkk socorro” em um post de meme realmente contribui pro desenvolvimento da escrita?
Responder tópicos e interagir nas redes sociais é como ir na academia só pra ficar sentado no aparelho de musculação, tirando foto do tênis e postando foco, força e fé. Você até esteve lá, mas não treinou. Da mesma forma, discutir se feijão por cima ou por baixo do arroz é a ordem correta não te faz um escritor melhor — só te faz uma pessoa com argumentos fortes sobre carboidratos.
Então, o que conta como escrita diária?
Qualquer coisa que envolva você organizando ideias e brincando com palavras de forma intencional. Um parágrafo de um conto? Vale. Uma cena solta de um projeto maior? Com certeza. Um diálogo aleatório que brotou na sua cabeça? Óbvio. Um e-mail formal pro chefe? Olha... depende do chefe, mas talvez não.
E sabe o que mais impede muita gente de escrever? A comparação. Sempre tem aquela pessoa que diz “ah, mas eu não escrevo tão bem quanto fulano”, como se todo mundo já nascesse escrevendo textos impecáveis. Escrever é uma habilidade, e como qualquer outra, precisa ser desenvolvida. Ninguém nasce sabendo cantar como a Whitney Houston, dançar como a Misty Copeland ou jogar bola como Messi. Do mesmo jeito, ninguém acorda um dia e, do nada, escreve um best-seller pronto pra ser publicado.
Se você nunca treina, como quer ser bom? É como querer disputar ginástica olímpica sem saber virar estrelinha. Se você nunca pegou um lápis ou abriu o word pra rabiscar alguma coisa, como espera que o primeiro texto saia perfeito? Ninguém vai pra um campeonato sem treinar antes, e a mesma lógica se aplica à escrita: se você não coloca as palavras no papel regularmente, como espera criar algo incrível quando precisar?
A escrita não é um talento, porque a premissa de talento, é quando alguém já nasce sabendo fazer aquilo. Alguém aí nasce sabendo escrever? Pois é… A escrita é uma habilidade! E assim como canto, dança, esportes ou qualquer outra habilidade, melhora com a prática. E essa prática precisa ser constante.
A chave aqui é consistência. Pequenos trechos, rabiscos, diálogos, descrições, até mesmo listas de ideias podem fazer parte do seu treino. O importante é manter a mão aquecida, o cérebro em movimento e a criatividade lubrificada. Porque, no fim das contas, ninguém precisa escrever um textão por dia. Mas se você nunca escreve nada além de tweets indignados e mensagens de WhatsApp, talvez esteja na hora de reconsiderar o que realmente significa “praticar a escrita”.
Ninguém fica bom em nada só na teoria. Você pode ler todos os livros sobre escrita do mundo, mas se nunca colocar a mão na massa — ou melhor, no teclado ou no lápis —, vai continuar achando que não sabe escrever. E a única forma de mudar isso é... adivinha? Escrevendo!
E foi pensando nisso que eu criei um Clube de escrita, chamado Galáxia de Palavras (eu quando amo muito coisas que envolvem universo), onde vou colocar desafios diários que envolvem descrever emoções, escrever alguma cena a partir de uma imagem, criar diálogos improváveis entre personagens completamente diferentes e até brincar com temas ou gêneros que você nunca tentou antes. A ideia é tornar a escrita um hábito sem a pressão de ter que escrever algo grandioso o tempo todo. Afinal, a prática constante e variada é o que realmente faz a diferença na evolução de qualquer escritor.
E aí, quer embarcar nessa jornada comigo? Então entra no grupo do Telegram!
★ DESAFIO DE ESCRITA ★
Imagine que você encontrou uma página solta de um livro, mas ela está fora de contexto. Seu desafio é escrever essa cena como se fosse parte de algo maior, sem explicação prévia. Pode ser um diálogo intenso, um momento de ação, um pensamento profundo do personagem — o que quiser!
Regras:
A cena deve começar no meio de algo já acontecendo, sem introdução;
Nenhum contexto direto sobre o que veio antes ou depois;
No máximo 300 palavras.
Se quiser, coloca sua cena aqui nos comentários, vou adorar ler! ❤️
me senti pessoalmente atacada e agora estou me obrigando a escrever
Desafio aceito!
— Eu queria ter tido coragem pra fazer isso antes...
Mas, de qualquer forma...
Não seria certo... não seria justo com você.
Você… você me deu tantas chances… tantas… brechas… mas cansou de esperar…
Eu não te culpo. De jeito nenhum.
Eu te amo demais pra isso.
É… pois é. Era isso que eu queria te dizer. Eu te amo.
Eu te amo.
Uau… é muito bom poder dizer isso em voz alta… muito bom finalmente admitir.
Eu te amo…
Sei que é tarde pra isso… mas eu precisava dizer.
Precisava que mais alguém, além das paredes do meu quarto… soubesse disso.
(...)
Quero que saiba…
Eu te amo…
E nunca… nunca vou deixar de te amar.
Eu prometo.
(...)
Desculpa…
Por ter chegado tarde...
Coloca suas flores favoritas sobre o túmulo. Suspira. E caminha lentamente em direção à saída do cemitério.