Se poupar sobre a vida não vai deixar ela mais gentil com você (#6)
Quantas vezes você deixou de fazer alguma coisa por receio de consequências que nem eram tão ruins assim?
Antes de começar, uma musiquinha pra relaxar… (OBS.: não me responsabilizo por nenhuma letra que possa te afetar).
Não enviar uma mensagem pra pessoa que você tem interesse com medo da humilhação; não pedir um aumento/promoção no trabalho por medo de ser negado ou mal visto; não publicar um texto, vídeo ou qualquer projeto por medo de críticas e julgamentos; não sair de um relacionamento ruim por medo de solidão ou de machucar a outra pessoa; não tentar uma nova carreira ou faculdade por medo de fracassar ou desperdiçar tempo; não sair vestido do jeito que você gosta e se sente bem por medo de olhares tortos ou comentários…
Percebeu que todas as situações têm uma coisa em comum?
Mas tenho um segredinho bem interessante pra te contar: isso não é medo, é ansiedade!
O medo é uma reação natural a uma ameaça real ou percebida, enquanto a ansiedade é uma sensação de antecipação de uma ameaça futura.
Você não tem medo de mandar mensagem pra pessoa que tem interesse; você não quer é a rejeição, ter um print enviado em um grupo de amigos, ganhar um vácuo ou ter a sua percepção distorcida na visão da outra pessoa. Percebe como nada disso é garantido? Você não tem certeza de nenhuma dessas situações, só tá antecipando as consequências que você acha que aquela ação vai desencadear.
Se você tivesse certeza do que iria acontecer, não seria mais fácil fazer? Sei que sim, mas a vida não é um morango. Quer dizer, na verdade, é sim. Você tá vendo ele ali na bandeja, decide pegar, lavar e comer. O morango pode ser docinho e molinho, mas também pode ser azedo e meio duro.
Tudo bem que, em alguns casos, tá nítido na cara do morango sobre qual vai ser o sabor dele, mas a certeza não é o ponto aqui. Estamos falando daqueles morangos que são uma surpresa.
Além disso, se você não aproveitar o morango na hora certa, ele pode estragar, assim como oportunidades que deixamos passar. Então, em vez de hesitar, é melhor dar a primeira mordida e sentir o sabor da experiência, seja ela doce ou levemente ácida. Afinal, se você não comer esse morango de uma vez, alguém vai passar e comer.
Tenho um mantra na minha vida que é: melhor se arrepender de ter feito, do que de não ter feito.
Obs.: a frase não é passe livre pra você cometer nenhum crime, que fique claro.
Mas assim, vamos ter noção também, né? Você não vai pedir um aumento no trabalho sendo que tem 2 meses de empresa, assim como não vai sair de calcinha e sutiã na rua porque é a roupa que te deixa confortável.
Toda ação tem uma consequência? Claro que sim. Mas ela não precisa ser sempre ruim e, caso seja, a vida não vai acabar por isso, você só vai precisar lidar com ela.
E é exatamente isso que é viver. É enfrentar situações difíceis, colocar a cara em momentos desconfortáveis, experimentar coisas diferentes, sair da zona de conforto num geral. Eu tenho PAVOR de me imaginar vivendo na mesmice. Tenho mais medo de chegar nos 50 anos percebendo que não fiz nada das coisas que eu queria — ou achava que não queria — do que ter feito tudo e pensado caraca, pelo menos foi história pra contar.
Não tô dizendo que é pra você se forçar a fazer uma coisa que odeia, mas pelo menos se permita experienciar.
Tenho uma amiga que gostava muito do chocolate quente da máquina da empresa em que ela trabalhava. Um dia, estávamos conversando sobre a vida e eu perguntei por que ela não experimentava alguma coisa diferente, já que talvez poderiam ter outras bebidas gostosas ali. Ela não queria provar as outras; se já tinha algo que ela sabia que gostava, pra quê trocar?
Isso gerou todo um debate sobre provar coisas diferentes às vezes. Meu ponto foi: se você odiar, pelo menos experimentou e pode falar mal com propriedade. Imagina uma roda de pessoas falando sobre cappuccino com chocolate. Todo mundo tem uma opinião sobre, menos você, porque nunca experimentou.
E esclarecendo de novo: não tô falando que você não pode simplesmente não ter opinião sobre alguma coisa. Não transforme isso naquele print que diz:
“Você pode dizer “eu gosto de panquecas” e alguém dirá “então você odeia waffles?” Não, vadia, essa é uma frase totalmente nova, do que você está falando?”
O ponto aqui é: quando você faz alguma coisa, pelo menos você sabe o que acontece. Quando não faz, a situação inteira fica num eterno e se, na imaginação do que poderia ter acontecido. Tudo bem que, caso você se arrependa de ter feito, vai ser ruim igual, mas aí entra aquela trend do TikTok que diz doeu, mas não matou.
Pra gostar das coisas que você gosta, você também precisou experimentar elas pela primeira vez.
Você pensa: “ai, mas ele não me respondeu, é claro que me acha uma feia, horrorosa, desinteressante…” e não. Às vezes, o cara só não tava num momento legal, não quer relacionamento, terminou recentemente, quer focar em outras coisas. “Nossa, mas pra quê postar isso? Claro que tá todo mundo me achando patética”, e quem te garante? “Tenho vergonha de começar a academia, vai todo mundo ficar julgando meu corpo, minhas roupas, meus exercícios”, e, mais uma vez, não… Ninguém tá nem aí se você vai de vestidinho fit ou se vai com a blusa do vereador Geraldinho Furacão. Tá todo mundo preocupado demais com a própria mente pra ficar reparando em você.
Já dizia minha querida psicóloga: fazer é um risco e não fazer também é um risco.
E assim, vamos falar a verdade: TUDO é arriscado se você tiver ansiedade o suficiente. Mas e é por isso que você vai deixar ela carregar todas as experiências da sua vida sem que tenha a oportunidade de saber por você mesma se gosta ou odeia aquilo?
É errada a frase que diz que só se vive uma vez. Na verdade, você só morre uma vez, mas vive todos os dias — ou pelo menos, tenta.
E como o título desse texto diz, a vida não vai ser mais gentil se você se enfiar numa caixa pra ficar salva de todos os perigos do mundo.
Tem uma série que eu gosto muito (e já falei sobre ela aqui), que acontecem as maiores atrocidades possíveis. Em um episódio o avião cai e você pensa “meu Deus, nunca mais vou andar de avião, só de ônibus”, e aí, no episódio seguinte, acontece alguma merda muito grande com um ônibus e você decide optar pelo trem. Adivinha? E se depois de tudo aquilo você ainda pensar “nunca mais vou sair de casa!”, saiba que tem um episódio em que a mulher quase morre porque não quis sair de casa e quase foi engolida com a terra durante um terremoto. Tá bom pra você?
Vai demorar quanto tempo pra você entender que a vida não vem com um manual de instruções pra te guiar e, muito menos, com garantia de danos? Você vai chorar, vai sofrer, vai ter o coração despedaçado, tudo vai ficar horroroso, mas também vão ter os momentos de felicidade, de se conhecer mais, de testar seus limites, de saber que uma coisa que você achava ser um bicho de sete cabeças, na verdade, nem é tão ruim assim.
As coisas podem dar errado, sim. Mas e se derem certo?
Até a próxima. ❤️ Byeee! 💋
sinto como se tivesse saído da minha sessão de terapia e levado alguns chocalhões para a vida haha amei!
Carambaaa como esse texto não tem um milhão de curtidas ainda?? Muito obrigada por ter postado essa maravilha que tem tanto coisas q eu concordo quanto alguns tapas na cara (rsrs) amei!!