Tutorial detalhado de como sobreviver a partir dos 18 anos
Spoiler: a gente nunca para de aprender como viver.
O texto de hoje é uma collab de duas escritoras aqui do Substack, formadas em Publicidade e Propaganda — mesmo com alguns arrependimentos — e com mais de 25 anos. Nós vamos separar nossas falas por nomes, e a conversa de hoje será narrada com muito amor, então não deixe de dar play aí embaixo pra nossa voz te acompanhar.
Lua: Se você precisa de um tutorial detalhado de como viver a partir dos 18, esse manual é pra você. A gente tem mesmo boas dicas pra te entregar. E se você já passou dessa idade, relaxa e fica também porque tenho certeza que você vai se identificar.
Enna: A ideia desse texto veio há alguns dias, quando me deparei com uma nota muito específica da
:Lembro de quando eu tinha 18 anos. Já falei algumas vezes nos meus textos que fui meio precoce nas coisas da minha vida. Aos 13, terminei o ensino fundamental; aos 15, terminei o ensino médio; aos 16, eu tava entrando na faculdade.
Prestei vestibular pra Publicidade e Propaganda, mas também para Biologia Marinha (aleatório, eu sei). Passei em ambos os cursos, mas em um deles eu teria que me mudar de cidade e minha mãe JAMAIS deixaria isso, então, fui pra opção mais fácil no momento.
Lua: Eu fiz o caminho inverso: terminei o colégio na idade "certa", mas empurrei a escolha da faculdade por um bom tempo. Queria ser atriz e trabalhar escrevendo roteiros, mas tinha como segunda opção fazer Publicidade, pra pelo menos ver se entrava um dinheiro menos complicado. Sabemos como é ser um astista na base.
Passei 1 ano só escrevendo, trabalhando em bicos aleatórios e ouvindo todo mundo perguntar “e a faculdade?”. Hoje vejo que aquele hiato me salvou de entrar no curso errado só por pressa.
Cheguei a passar em Letras naquele ano, e apesar de amar escrever, ainda não era aquilo que eu queria. E se tem uma coisa que eu priorizava sendo uma adolescente, era justamente só o que eu queria.
Não se preocupe se você for um pouco egocêntrica, isso é bem normal da idade.
Enna: Os anos passaram e até hoje me questiono: como é que eu naquela época, uma adolescente de 16 anos, sabia de alguma coisa? Como é que tive capacidade intelectual pra escolher algo tão sério quanto uma graduação? Sinceramente, até hoje não sei responder isso, só sei que fui muito sortuda. E digo isso porque, apesar de todos os perrengues (que não são poucos na área de comunicação), eu sou muito feliz com a minha escolha.
E assim como fui muito feliz com a minha, alguém da minha sala com certeza se arrepende até o último minuto por ter escolhido cursar Publicidade e Propaganda. Alguns dos meus colegas de classe desistiram no meio do caminho porque perceberam que não era aquilo que eles queriam, e tudo bem fazer esse movimento também. A gente precisa parar de demonizar a desistência.
Lua: Eu entrei em Publicidade no ano seguinte à escola e 2 anos depois tranquei a faculdade. Não conseguia aceitar a ideia de que não viveria da minha arte e que precisaria me adaptar a algo que não conhecia ainda. Publicidade? Aff!
Acabamos nos enfiando em más decisões quando queremos muito alguma coisa. De novo, hoje eu entendo melhor. Voltei pra faculdade e isso foi ótimo.
Com o tempo me tornei Redatora Publicitária, escrevendo! Mais próxima do que eu queria -textos publicitários para marcas e empresas-. Dali em diante, tive caminhos necessários para me tornar quem sou agora.
Aproveitando o que a Enna acaba de dizer, dica 2:
Pense com mais calma na hora de tomar decisões tão importantes e reveja planos de maneira estratégica, ainda que não seja aquilo que você queria.
Afinal, com 16, 17, 18, a gente quer muito, mas não sabe quase nada. A realidade? De algum modo acredito que você vai acabar seguindo o caminho exato que deveria seguir.
O seu tempo é só seu.
Enna: Não tem como eu dizer que você só pode ficar na casa dos seus pais até seus 20, sendo que eu saí com 22 e tenho uma amiga com 28 que ainda mora com a mãe dela. Também não posso dizer que você já deveria estar trabalhando há anos, quando eu mesma comecei só com 18, ao mesmo tempo que conhecidos meus estavam colocando dinheiro em casa desde os 14.
A gente tem que entender que o tempo de cada um é diferente, assim como o contexto de vida. Eu sempre quis morar sozinha pra ter minha privacidade — e quem mora em casa com mais de 4 pessoas vai entender —, mas no momento em que isso chegou pra mim, foi por necessidade. Ou eu morava sozinha em Santa Catarina, ou ia parar no interior do Amazonas.
Lua: Eu saí de casa com 25 anos. Uma mudança que foi dolorosa pra mim, já que também sonhava em ir embora junto com os meus pais.
Morei em uma favela por toda a vida, e existia uma pressa em ir embora. Quando fui sem eles, nem parecia que eu tinha saído. Vivia escrevendo sobre coisas que eles poderiam viver, mas não viviam.
Guardei certa culpa em boa fase do meu diário: “O que acontece se eu NÃO conseguir tirar eles de lá?”. Escrevia cenários possíveis. Adivinha? Errei todos. Não podemos acertar o roteiro da nossa história e nem deveríamos.
Não existe uma receita pronta, um tutorial perfeito com passo a passo. Não existe um caminho certo.
Enna: Sei que parece que tem um cronômetro invisível por aí — que, na verdade, a gente sabe bem que é só a comparação com a vida alheia —, mas
Você não precisa decidir tudo agora.
Enna: Se você tem o privilégio de só estudar por enquanto, faça isso. Mas também tá tudo bem se quiser trabalhar pra ter seu próprio dinheiro. Se seus pais te amam e não são abusivos com você, não tem motivos pra querer sair de casa o mais rápido possível. Mas também tá tudo bem se você quiser morar sozinha pra ter sua privacidade.
A gente precisa entender a diferença entre desejo e necessidade. Você pode querer algo, mas não precisar daquilo, sabe? Um bom exercício a fazer, é se perguntar: “se eu não tiver isso agora, o que acontece de verdade?”.
Se a resposta for “vou ficar triste/frustrada, mas vou ficar bem”, é desejo.
Se a resposta for “isso vai me prejudicar ou me fazer mal de algum jeito”, é necessidade.
E sei que essas duas palavras confundem, mas analisa elas no contexto da sua vida e de uma forma que faça sentido, e não porque a fulana mora sozinha e você acha que é uma necessidade que você more sozinha também.
Lua: Já deixamos claro pra você que decidir vai acontecer milhões de vezes em espaços muito pequenos, e que não precisa ser perfeito como parece para algumas das suas amigas, ou caótico, quando uma galera que você conhece sai um pouco do "roteiro esperado".
Viver é uma soma de caminhos seguidos meio que com os olhos vendados, sabe?! A gente só sabe de verdade o próximo momento assim que pisa na estrada. Tente se lembrar que cada passo que você dá em direção “ao seu destino” cria uma nova história surpreendente, que não precisa ser comparável a de ninguém.
Sei que é difícil fazer isso literalmente, mas corra em direção ao que surgir, mesmo que morrendo de medo. Você será capaz de coisas que parecem impossíveis e elas te orgulharão muito no futuro!
Enna: Sobre trabalhar e fazer faculdade ser possível… Acredite, é possível. É insalubre em muitos momentos, mas é possível. E pra muitas pessoas isso é uma necessidade. Tem dias que você vai precisar escolher se estuda, se toma banho, se come ou se dorme. Mas eu, como uma pessoa que passou por esse caos cedo demais, acredito que amadureci muito nesse período. Criei mais responsabilidade, aprendi a otimizar meu tempo, encaixei um estudo aqui e um estudo ali no intervalo do almoço, no transporte público, antes de começar alguma aula… Qualquer coisa que fosse possível fazer em qualquer espaço de tempo vazio.
Lua: Você pode até achar cansativo, mas ainda será mais leve do que o peso de entender como lidar um dia por vez com as nuances da vida adulta.
Falar em transporte público é uma memória interessante pra mim, porque no tempo em que fazia faculdade e trabalhava ao mesmo tempo, estudava totalmente longe de onde era o meu trabalho. Passava horas seguidas no 606 do Rio de Janeiro, um ônibus que dava voltas e mais voltas, sem dinamismo nenhum.
Talvez você vá passar tempo demais em ônibus nessa fase, se certifique por favor de dar uma olhadinha na melhor opção. Eu não pesquisei bem e o 606, era o último de uma boa lista.
Apesar de parecer bobo, chamei sua atenção para algo que vai acontecer muito na vida. Idas e vindas de lugares diferentes, enquanto pensamentos acelerados dão um jeito de não te deixar em paz.
Você vai passar muito tempo refletindo o que está fazendo e se aquilo tem mesmo algum sentido. Essa parte não passa com a idade e o tempo talvez passe rápido demais.
Não se distraia dos momentos nem quando eles forem chatos, você vai sentir saudade.
Com 25 a gente começa a ser mais leve, entender melhor e até a ser mais racional. Aquele pedacinho do cérebro dá mesmo uma evoluída, mas as dúvidas ficam, viu?! Junto de crescer, vem ainda mais perguntas que ninguém consegue responder, e o tempo, acelera ainda mais.
Ir com calma é a melhor dica pra hoje e pra quando você já estiver lá na frente.
Enna: Com os anos passando, agora eu tô precisando desacelerar. Tô precisando entender que eu não preciso ser útil em cada segundo das 24 horas do meu dia. Que tá tudo bem eu deitar na cama e ficar só olhando pro teto, sem pensar que eu poderia estar escrevendo um texto novo, procurando algum trabalho ou respondendo todas as mensagens que estão paradas na minha caixa de entrada.
E a vida é assim mesmo, sabe? A gente constrói um castelinho pra depois descobrir que, na verdade, queria uma casinha, aí a casinha começa a ficar silenciosa demais e você quer um apartamento numa grande metrópole, até que bate a vontade de construir um castelinho de novo.
Na verdade, ninguém sabe muito bem o que tá fazendo.
A vida entra no meio dos nossos planos sem pedir licença, sem informar que vai acontecer algo muito ruim logo, ou que você finalmente vai sair de uma fase de merda. Não tem como adivinhar o que vem por aí e não dá pra mudar o que já foi.
Lua: Quando eu tinha 18 anos costumava pensar que em algum momento minha vida ia acontecer, do jeito que eu sempre quis, guiada pelas estrelas. Com isso, acabei perdendo tempo, sabe? Esperando o melhor momento pra ser feliz, mas a verdade é que o melhor momento para se ser feliz, é o agora.
Estamos repetindo pra você lembrar mesmo: o agora é o seu melhor momento.
Enna: O futuro é a todo instante e o passado sempre tá acontecendo. Pode ser confuso, mas também é libertador, porque o único lugar real é esse instante aqui. A vida não é como nos filmes. Tem momentos soltos, aparentemente bobos, que mudam tudo e você só percebe depois. Também tem momentos que você acredita que vão destruir sua vida, mas só parecia tão grande naquela hora, depois para de ser tão importante.
Lua: Algumas vezes você até vai pensar que o mundo tá contra você, outras que talvez esteja enviando sinais, e que algo bonito está a favor. Existe uma dinâmica linda na vida, que não existia naquele ônibus em que eu ia pra faculdade.
Enna: Então continua. Mesmo sem saber, mesmo com medo. Vai doendo e vai curando ao mesmo tempo. Vai aprendendo e vai ensinando. Vai se construindo aos pedaços.
Viver é ter a coragem de quem sabe que não controla nada, mas que mesmo assim escolhe continuar.
Lua: Viver é tentar todos os dias mesmo sem saber o que espera no amanhã.
Como viver a partir dos 18 anos?!
Vivendo! O máximo que você puder.
Lua: A parceria pra essa newsletter teve muitas lutas, mas saber que ela saiu enche a gente de felicidade.
Pra finalizar, queria te convidar pra conhecer minha news, mas também o meu site, com produtos inspirados em textos autorais, e aproveitar pra te entregar um Cupom de desconto.
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Enna: Eu amei muitooo fazer parte disso! Agradeço demais à Lua pelo convite, porque ela é uma pessoa muito especial e cheia de luz. Se você não conhecia o trabalho dela, corre agora pra assinar e garantir seus produtinhos com o cupom de desconto na loja.
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Aaaaaa, nem acredito que finalmente saiu essa colaboração!!!! 💖
Amei fazer, amei ter conhecido alguém com pensamentos e experiências tão parecidas com as minhas.
Se quiserem ver mais de mim, tô sempre por aqui, aprofundando demais e refletindo sobre isso.
OBRIGADA Enna por topar dar voz à nossa escrita!
queria muito que a analice de dezembro de 2021, recém formada no ensino médio e faltando poucos meses pra completar 18 anos, tivesse lido esse texto. mas ele foi muito reconfortante pra analice de 21 haha porque eu também não sei muito bem o que to fazendo, a diferença é que entendi que temos que viver um dia de cada vez e aprender com isso.
sou suspeita pra falar do microcosmo, porque sou a maior fã, mas já tinha lido um texto da lua por recomendação da enna, e amei a parceria! espero que aconteça mais vezes <3